quarta-feira, 26 de março de 2008

O maior erro

Tudo começa na infância, com princesas e príncipes encantados.
Sapos que se transformam apenas com um beijo.
Felicidade eterna.
O casamento dos nossos pais não é assim mas não nos importamos, porque ou arranjamos um príncipe ou beijamos um sapo. Fácil, não era?

Depois na adolescência,
é-se o detentor da verdade e das soluções para todos os problemas.
Temos as certezas.
Tudo é preto ou branco.
O casamento dos nossos pais continua a não ser assim, mas o nosso não há-de ser igual, porque sabemos tudo e vamos, com toda a certeza, conseguir ter um casamento feliz, fantástico...

Conhecemos um príncipe (é sempre um príncipe, quando o conhecemos).
Mais à frente vemos que é um sapo, mas é um sapo especial.
Damos-lhe uns beijinhos e ele transforma-se no príncipe que tinhamos conhecido.
Estes momentos vão sendo cada vez mais frequentes
e o tempo que o sapo está ali, a olhar para nós, ou a querer inchar para ficar do tamanho de um boi, é maior.
O príncipe ainda aparece, mas cada vez menos.

Depois casamos.
Ccontinuamos a acreditar que conseguimos transformar o sapo com um beijo.
Mas agora, o sapo não se quer transformar.
O sapo tem a sua forma (e gosta dela; acha-se o melhor sapo do mundo) e não quer mudar.
Mas nós continuamos a pensar que conseguimos mudá-lo com beijos,
com muitos beijos,
muitos muitos muitos beijos.
Tantos beijos que o sapo começa a inchar de importância.
E incha,
incha,
incha
e fica mesmo do tamanho de um boi.

E nós? De tantos beijos que demos, ficámos cansadas, gastas, vazias
e as princesas do reino vizinho
ainda pensam que podem mudar sapos (mesmo que tenham o tamanho de um boi) em príncipes encantados.

Tudo o que vem a seguir é um corolário.
Ela fica infeliz.
E dá mais, ainda à espera de um milagre.
Que ele seja aquilo que ela gostaria que ele fosse.
Que o príncipe voltasse.
Mas os milagres estão esgotados.
Há muitos séculos,
milénios...
anos-luz.

O nosso maior erro foi pensar que só somos felizes com um príncipe.
Que poderíamos ser felizes com um sapo, aceitando-o como tal, só agora, no Reino Bué Bué Longe.
Ninguém nos disse.
Também ninguém nos disse que poderíamos ser felizes sem príncipes, sem sapo.

Apenas nós, sozinhas!!!!!!!!!!!

3 comentários:

Karmen disse...

Ha sempre um Shrek para uma Fiona... ás vezes onde menos esperamos...
Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera!
E esta, ainda está a começar!
Sabes bem!
;)

Mian Ru disse...

Pois é Frol!
O karmen disse e bem, "para cada shreck há uma Fiona", e tu és uma linda Fiona! Ainda vais muito a tempo de encontrar esse reino Ogre. Antes Ogre do que um sapo. :)

Feitas as coisas... é ter coragem e seguir em frente. Valorizar-te do que és e evitar dar meia volta.

Beijinhos

Anónimo disse...

Podes ser feliz sozinha, sem sapo nem prícipe ou ogre.
Afinal a capacidade de ser feliz está dentro de nós, não nas coisas que possuimos ou naqueles que nos rodeiam.
E tu tens essa capacidade. Eu sei, já a vi em várias ocasiões...